Uma marca suíça fundada em 1918, desaparecida em 1987, ressuscitada por dois colecionadores franceses em 2024. A Eska Heritage SK25 Bege encarna este regresso às origens: um cronógrafo neo-vintage de 38 mm, equipado com um calibre La Joux-Perret com roda de colunas, proposto a 2.450 €. Uma proposta que merece ser analisada.
E se os melhores relógios de amanhã fossem os de anteontem?
O mercado de cronógrafos neo-vintage está inundado de “homenagens” sem alma. Mostradores que copiam a Omega por aqui, caixas que imitam a Rolex por ali. Aborrecido.
Depois há a Eska. Uma marca que ninguém conhece. E é precisamente isso que a torna fascinante.
Fundada em Grenchen em 1918, desaparecida nos tumultos da crise do quartzo, a Eska regressa dos mortos com uma proposta audaciosa: não imitar os outros, mas reinterpretar o seu próprio legado. O resultado? Um cronógrafo de 38 mm que alberga um calibre suíço de alta gama — o mesmo tipo de movimento encontrado em peças duas vezes mais caras.
A 2.450 €, a SK25 Heritage Bege joga num campo onde a Hamilton e a Longines reinam supremas. Pode realmente competir?
Passei várias semanas com este relógio no pulso. Eis o que retive — sem complacência. A SK25 Heritage Bege cumpre as suas promessas? Este teste completo dá-lhe a nossa opinião.
Sommaire
Introdução: uma proposta neo-vintage original

Num mercado de cronógrafos “neo-vintage” hoje bem concorrido, a Eska Heritage SK25 Bege apresenta-se com uma proposta singular. Eis um relógio automático (na realidade, mecânico de corda manual, voltaremos a isso) que visa os puristas amantes da bela relojoaria tradicional. O seu posicionamento é claro: 38 mm de diâmetro, um estilo inspirado nos anos 40-50, uma realização de alta qualidade montada em França, e um preço de cerca de 2.450 € – ou seja, o médio de gama premium entre as micro-marcas acessíveis e as prestigiadas referências de grandes grupos.
Esta SK25 Heritage Bege visa dois públicos principais. Por um lado, o amador esclarecido já equipado com relógios acessíveis (por ex. Tissot, Hamilton) à procura de um step-up relojoeiro: uma peça com uma personalidade mecânica mais forte, sem pagar o pesado custo de marketing de uma grande manufatura. Por outro lado, o colecionador curioso que, cansado de ver os best-sellers dos grandes grupos em todos os pulsos, se interessa por marcas independentes ou ressuscitadas – mas que exige saber se a plumagem (a história) está à altura da plumagem (a qualidade real).
A problemática é, portanto, a seguinte: a Eska Heritage SK25 Bege traz um valor acrescentado real em comparação com os cronógrafos neo-vintage existentes com o mesmo preço? A sua relação qualidade/preço justifica-se face a uma concorrência feroz (pense-se nos Hamilton Intra-Matic H, Longines Heritage, Baltic Tricompax, etc.)? A nossa análise será tripla: o Relógio (qualidade percebida, teste de campo), a Marca (legitimidade da Eska) e o Mercado (posicionamento e alternativas). Em pano de fundo, uma questão: por que razão o renascimento da Eska é particularmente interessante neste segmento hoje?
Contexto e história: o renascimento de uma assinatura relojoeira
Antes de mergulhar no teste, um desvio pela história impõe-se. Eska não é mais uma micro-marca inventada no Instagram, mas sim uma casa histórica que regressou dos mortos.
A “Mini Saga” Eska
Origens (1918) – A história começa em Grenchen (Granges), na Suíça alemã. Um relojoeiro chamado Sylvan Kocher funda a fábrica S. Kocher & Co. O nome da marca Eska deriva diretamente daí: é a pronúncia das iniciais S K (es-ka). A produção inicial concentra-se em relógios elegantes e precisos, distribuídos na Europa e até no continente americano.
Idade de Ouro (1940-1960) – A Eska ganha uma bela reputação internacional, com até uma unidade de produção no Brasil para satisfazer a procura. A marca destaca-se nos relógios clássicos, mas também oferece complicações (calendários, fases da lua, cronógrafos). Acima de tudo, a Eska destaca-se pelos seus soberbos mostradores esmaltados cloisonné e pelos relógios-joia muito bem cuidados, testemunhas do seu saber-fazer artesanal. Nos anos 50, a Eska lança um relógio de mergulho raríssimo, o Amphibian 600, hoje quase impossível de encontrar. Para alguns mercados, a marca utiliza também a designação Royce, mais fácil de pronunciar no estrangeiro.
Extinção (1987) – Como centenas de outras, a Eska não sobrevive à crise do quartzo. A partir do final dos anos 70, o afluxo de relógios de quartzo baratos, especialmente japoneses, põe em causa a relojoaria mecânica suíça. Em 1987, após quase 70 anos de atividade e mais de 250 modelos criados, a Eska cessa as suas operações. A bela cai no esquecimento… A história poderia ter terminado aqui.
Renascimento (2024) – Quase 40 anos depois, dois entusiastas franceses, Christophe Chevreton e Sinicha Knezevic, decidem acordar a Eska. Não são industriais oportunistas nem novatos: são colecionadores que conhecem a marca e o seu potencial. Através de uma campanha no Kickstarter em 2024, financiam a reedição do Amphibian 250, uma versão moderna (40 mm) do mítico relógio de mergulho Amphibian 600. É um sucesso imediato junto dos amadores informados. Fortalecidos por este lançamento, atacam em seguida um cronógrafo neo-vintage dos arquivos da Eska: o nosso Heritage SK25.

Publicidade Eska publicada em 1949 – a marca gaba-se da “alta perfeição técnica” dos seus relógios vendidos em todo o mundo, reflexo da relojoaria suíça – Crédito: Delcampe
Uma legitimidade muito real
O projeto de renascimento da Eska não se resume a um simples storytelling de marketing. A abordagem pretende ser coerente e respeitadora do património.
- Uma visão clara: os novos proprietários anunciaram a sua ambição: “honrar a alma dos modelos históricos”, reinterpretando-os com componentes contemporâneos. Esta filosofia seduziu os contribuintes desde a campanha inicial.
- A prova pelo arquivo: o primeiro modelo relançado, o Amphibian 250, foi uma reedição direta de um Eska vintage raríssimo. Para o SK25 Heritage, a mesma lógica: o design inspira-se num cronógrafo de época encontrado nos arquivos da marca. O mostrador de dois níveis (step dial) e o acabamento em esmalte não estão lá por acaso: a Eska destacava-se antigamente nos mostradores trabalhados. Não se inventa uma história, prolonga-se a verdadeira.
- Uma micro-marca que não surgiu do nada: a diferença é flagrante entre a Eska e muitas micro-marcas recentes. A Eska explora o seu próprio legado em vez de imitar o dos outros. O SK25 não é uma homenagem sem alma: é a continuidade atualizada de um estilo Eska autêntico.
Finalmente, o contexto do mercado joga a favor deste renascimento. Nos últimos anos, assistimos ao regresso em força do estilo vintage: diâmetro mais contido (aqui 38 mm), cores “patinadas” (bege, creme), design depurado. Os entusiastas aplaudem os relógios que contam uma história, longe das produções padronizadas. A Eska, com o seu legado redescoberto, chega no momento certo para propor uma alternativa fresca e confidencial aos best-sellers dos grandes grupos. Em suma, tudo indicava que a Eska poderia trazer algo de diferente… Resta saber se o próprio relógio cumpre as suas promessas.
Ficha técnica detalhada: Eska SK25 Heritage Bege
A Eska Heritage SK25 Bege não se contenta em alinhar especificações: cada escolha técnica reflete uma verdadeira intenção relojoeira. Vamos analisar a sua ficha técnica ponto por ponto, explicando concretamente o que isso implica.
Caixa: aço inoxidável 316L, diâmetro 38 mm, espessura 13,9 mm (vidro incluído), comprimento lug-to-lug 47 mm, asas perfuradas, alternância de acabamentos polido / escovado. → Concretamente, 38 mm é um regresso às proporções vintage (a maioria dos cronógrafos modernos tem 41-43 mm). Os 47 mm de asa a asa asseguram um excelente conforto, mesmo em pulsos finos.


A espessura de 13,9 mm permanece razoável para um cronógrafo mecânico (o calibre L113 tem mais de 7 mm). As asas perfuradas permitem trocar de bracelete facilmente com uma simples ferramenta, sem riscar a caixa. Finalmente, a alternância de superfícies polidas e escovadas dá relevo visual e um aspeto de qualidade (ex. flancos escovados, chanfros polidos).
Vidro: cristal de safira abaulado (“box dome”) com tratamento antirreflexo; vidro de safira também no verso (fundo transparente alargado). → O vidro de safira é ultra resistente a riscos; aqui é abaulado para reproduzir a aparência dos plexis de época, mantendo-se inalterável.

O antirreflexo interno evita os reflexos azulados e melhora a legibilidade sob certos ângulos. No verso, uma segunda safira oferece uma ampla janela sobre o movimento.

Calibre (motor): movimento La Joux-Perret L113 (mecânico de corda manual), cronógrafo bi-compax com roda de colunas. → Este é o coração relojoeiro deste relógio, e um grande ponto forte. A La Joux-Perret é um fabricante de movimentos suíço de renome (propriedade do grupo Citizen) que produz calibres de alta gama. O L113 é um cronógrafo de corda manual: é preciso dar-lhe corda pela coroa (cerca de 30 voltas) a cada ~2 dias.

A escolha de um calibre manual em vez de automático permite afinar um pouco a caixa (sem rotor), desobstruir a vista sobre o movimento e oferecer uma interação diária com o relógio (o ritual de dar corda agrada aos puristas).

O comando do cronógrafo é feito por roda de colunas, um sistema tradicional mais preciso e nobre do que uma came. Os efeitos são sentidos: o acionamento do cronógrafo através dos botões é nítido e suave, sem saltos parasitas do ponteiro.

Desempenho: frequência 4 Hz (28.800 alternâncias/hora), stop-segundos, 24 rubis, reserva de marcha de 60 horas. → 4 Hz é o padrão contemporâneo de alta frequência: o ponteiro do cronógrafo realiza 8 batimentos por segundo, dando uma impressão de deslize fluido. O dispositivo de stop-segundos significa que, ao puxar a coroa, o ponteiro dos segundos para: pode-se ajustar a hora ao segundo exato. O calibre conta com 24 rubis – estas pedras sintéticas vermelhas servem de rolamentos anti-fricção –, um número coerente para este tipo de movimento cronógrafo (cada rubi reduz o desgaste num pivô, portanto mais rubis = maior longevidade e precisão). Finalmente, a reserva de marcha de 60 h é excelente: o relógio pode ficar dois dias sem lhe dar corda e continuar a funcionar.
Mostrador: cor bege casca de ovo (acabamento esmalte dupla camada), dois sub-mostradores (às 3h: totalizador de 30 min; às 9h: pequenos segundos), escala taquimétrica periférica preta. → O mostrador é a peça central estética. A tonalidade bege vintage traz calor e legibilidade (os ponteiros pretos destacam-se bem).

A construção em dois níveis (chamada de step dial) significa que o disco principal é feito de duas partes, com os sub-mostradores ligeiramente rebaixados: isto cria profundidade visual e um charme retro inegável. A superfície é tratada com um acabamento esmaltado: aspeto lacado brilhante que evoca os antigos mostradores de esmalte (sem ter a sua fragilidade). Os algarismos árabes aplicados são de cor Old Radium (bege/amarelo patinado) para o estilo vintage. Uma escala taquimétrica (base 1000) corre na borda, permitindo (em teoria) medir velocidades com base quilométrica.
Ponteiros & luminova: ponteiros de horas/minutos do tipo Alpha (pretos, com preenchimento Super-LumiNova Old Radium), ponteiro central dos segundos cromado, ponteiros dos contadores pintados de preto mate. → Os ponteiros principais são pretos com material luminescente bege (à maneira do “rádio envelhecido”). Não espere que brilhem como um néon: o Super-LumiNova Old Radium é escolhido pela sua cor nostálgica mais do que pela sua potência noturna. No entanto, oferece legibilidade no escuro durante algumas horas após a exposição à luz. O grande ponteiro do cronógrafo é fino e cromado, com contrapeso circular. Os pequenos ponteiros dos contadores são pretos para contrastar com o fundo bege.
Estanqueidade: 5 ATM (50 m). → Este é o ponto fraco assumido: 5 ATM significa que o relógio resiste a salpicos, chuva e lavagem das mãos, mas não a banhos ou duches. Não é um relógio de mergulho, apenas um cronógrafo “civil” para o dia-a-dia. Esqueça-o para a piscina ou a praia. Dito isto, 50 m ainda é superior a muitos cronógrafos vintage (muitas vezes 30 m). No dia-a-dia, pode-se usá-lo sem medo à chuva ou ao lavar as mãos, mas evite submergi-lo voluntariamente.
Braceletes: entre-asas 18 mm (largura vintage), duas opções disponíveis: couro castanho “collet Maya” com fivela de pino, ou bracelete de aço “grão de arroz” com fecho de borboleta e elos de extremidade integrados. → A entre-asas de 18 mm é coerente com o diâmetro contido: isto afina visualmente o relógio. A bracelete de couro fornecida é de vitelo granulado de qualidade. Possui barras de mola de troca rápida para mudar de bracelete sem ferramentas. A bracelete de aço chamada grão de arroz é uma referência aos anos 50-60: os seus elos arredondados e polidos oferecem um toque suave e um visual elegante. O fecho é do tipo borboleta (duplo desdobrável). Ambas as braceletes integram-se perfeitamente nas asas perfuradas do relógio, reforçando o autêntico visual vintage.

Nota: a SK25 não tem data (e ainda bem para a estética simétrica do mostrador). O fundo da caixa é fixado por parafusos (quatro parafusos nos cantos). A coroa não é de rosca (inútil a 5 ATM) mas apresenta uma boa preensão graças ao seu tamanho e à sua crenelagem tipo “cebola”.

Finalmente, a seriedade relojoeira reside nos detalhes: o relógio possui uma função de paragem de segundos, é de corda manual (obviamente) e oferece exatamente as mesmas indicações de um cronógrafo histórico: 2 contadores, sem data, sem floreados.
Teste de campo e impressões de utilização
Usámos a Eska SK25 Heritage Bege durante vários dias, em diferentes condições (escritório, fim de semana descontraído, saída elegante). Eis as nossas impressões, brutas e sem filtro.
Conforto e presença no pulso
Primeira surpresa: apesar do cronógrafo e dos seus 13,9 mm de espessura, o relógio usa-se muito bem. No meu pulso de 17,5 cm, os seus 38 mm de diâmetro tornam-no imediatamente confortável e perfeitamente centrado. A medida chave é, na verdade, o comprimento lug-to-lug de 47 mm: garante que as asas não excedem a largura do pulso, o que é o segredo para um bom caimento. Aqui, é impecável. O relógio “assenta” bem no pulso, sem rolar.
Sejamos transparentes: os 13,9 mm de espessura fazem-se sentir visualmente de perfil (é um cronógrafo, não um ultra-plano). No entanto, a face abaulada do vidro de safira e a estrutura da caixa atenuam esta sensação. O fundo de safira é bastante plano e as asas curvadas para baixo ajudam o relógio a abraçar a curva do pulso.

No final, o equilíbrio é muito bom: não temos um “pião” instável, mas sim um cronógrafo bem assente.
Debaixo de uma camisa, o relógio por vezes prende-se na manga devido ao vidro abaulado, mas não mais do que outro cronógrafo clássico. É claramente um relógio versátil para o dia-a-dia, que fica tão bem com um traje casual chique (camisa, chino) como com um blazer ou mesmo um polo no fim de semana.
Legibilidade e charme do mostrador
O mostrador bege do nosso modelo de teste é um pequeno deleite para observar. Em plena luz do dia, capta a luz de forma difusa graças ao seu acabamento em esmalte ligeiramente creme. Os algarismos árabes dourados e os ponteiros pretos criam um contraste ótimo: a leitura da hora é instantânea, num piscar de olhos. Os dois registos (contadores), estando rebaixados e da mesma tonalidade, jogam com as sombras sem prejudicar a clareza.

O ponteiro central dos segundos, fino e de aço, destaca-se um pouco menos em condições de pouca luminosidade (não é pintado), mas é uma escolha estética coerente.
À noite, como previsto, a luminescência é simbólica. Os ponteiros das horas/minutos e os algarismos possuem um Super-LumiNova Old Radium patinado: a tonalidade é um bege-verde suave que brilha fracamente após uma passagem sob a luz. Não é uma lanterna de mergulhador, longe disso, mas ainda se consegue distinguir a hora durante algumas horas no escuro. Não esqueçamos que o objetivo aqui é estético (imitar o rádio envelhecido), não fazer um farol de bolso.
A atmosfera geral que esta Eska emana é difícil de descrever de outra forma que não seja prazer visual sóbrio. Não chama particularmente a atenção dos não iniciados (o bege é sóbrio, o design não é berrante).
(Nota: se optar pela versão com mostrador preto Heritage Black, a legibilidade permanece excelente graças aos ponteiros brancos. O resultado visual é mais contrastado, mais “ferramenta militar”. O mostrador bege, por sua vez, dá um aspeto mais caloroso e de colecionador.)
Qualidade percebida e detalhes que matam
Desde o primeiro contacto, a SK25 Heritage respira qualidade. Francamente, estamos um nível acima da maioria dos relógios de micro-marcas que experimentei nesta faixa de preço.
A caixa é soberbamente executada: as arestas entre as superfícies polidas e escovadas são nítidas, limpas, sem rebarbas ou micro-riscos. As asas perfuradas são polidas por dentro, prova de atenção. A coroa sobredimensionada é gravada com o logótipo da Eska e oferece uma aderência ideal para dar corda. E essa corda manual… falemos dela!

É um dos grandes prazeres escondidos deste relógio. Todas as manhãs, rodar a coroa umas trinta vezes é um pequeno ritual: a sensação sob os dedos é suave e fluida, com apenas a resistência progressiva que indica que a mola está a ser tensionada.
O cronógrafo com roda de colunas também proporciona a sua dose de satisfação tátil. A pressão no botão de arranque (às 2h) desencadeia um clique nítido e franco, sem esforço excessivo. O ponteiro arranca imediatamente, sem o pequeno atraso ou micro-salto que por vezes se encontra em movimentos de came. O mesmo para a paragem e reposição a zero: um clac cirúrgico, e os ponteiros dos contadores voltam exatamente para o meio-dia. É subtil, mas distingue os cronógrafos de alta gama: aqui, cada manipulação respira precisão mecânica. Encontramos a assinatura da roda de colunas e o saber-fazer da LJP.
Quanto ao mostrador e impressão geral, tudo está à altura. As marcações taquimétricas são ultrafinas e regulares. Os textos (logótipo, menções) são nítidos. Os ponteiros estão perfeitamente alinhados (o 0 do cronógrafo cai exatamente em frente ao 12). Procurei defeitos de montagem ou de acabamento: não encontrei nenhum evidente a olho nu. O fundo transparente deixa ver um movimento sobriamente decorado (côtes de Genève nas pontes, parafusos não azulados, coluna de 6 braços de aço) que, é certo, não está ao nível de um cronógrafo manufaturado de 10.000 €, mas que não tem de que se envergonhar nesta faixa de preço.
O relógio emana uma verdadeira coerência. Sente-se que foi concebido por amadores para amadores. Um exemplo muito simples: o grande ponteiro central dos segundos tem exatamente o comprimento certo até à escala taquimétrica, nem mais nem menos. É o tipo de detalhe de proporção que não se domina se se “montam peças genéricas”. Aqui, tudo bate certo.

Valor acrescentado específico da SK25
Ao usar a Eska Heritage Bege, percebe-se rapidamente o que ela traz a mais em relação a outros cronógrafos neo-vintage do mercado.
O que ela faz melhor que os outros: acabamento e mecânica. Claramente, a associação de um calibre LJP com roda de colunas não azulado e de um revestimento de mostrador luxuoso (esmalte, duplo nível) é inédita a este nível de preço. Temos a substância relojoeira de uma peça de categoria superior. Onde um concorrente de 1.500 € usará um bom movimento, mas mais básico (Sellita ou Seagull) e um mostrador mais simples, a Eska oferece um motor mais nobre e um rosto mais trabalhado. No uso, isso traduz-se em mais prazer (corda manual sedosa, ação dos botões de alta gama) e mais refinamento visual.
O que ela faz menos bem: a notoriedade e a universalidade. Sejamos honestos, Eska é uma marca de nicho hoje em dia. Para o grande público, o seu nome não evoca nada (mal se ouve um “é uísque?” a meio-termo…). Para alguém que queira um relógio fácil de revender ou que afague o ego pelo seu prestígio, não é (ainda) o ideal. Além disso, o seu estilo muito marcado não agradará a todos: mostrador bege um pouco “amarelo patinado”, visual decididamente retro. Ela assume a sua personalidade, o que é uma vantagem para uns, mas pode parecer demasiado tipificada para outros que preferirão um cronógrafo preto/branco mais clássico (a Eska também oferece um mostrador preto Heritage Black).

Em resumo, a SK25 Heritage Bege propõe algo raro: permite saborear sensações relojoeiras de alto nível (calibre de coluna, corda manual, design inspirado em arquivo) sem subir para preços exorbitantes. É isso que nos faz afeiçoar a ela ao longo dos dias.
Relação qualidade/preço face ao segmento
Falemos de números. Com um preço de 2.450 € (IVA incluído), a Eska Heritage SK25 Bege situa-se num nicho competitivo. A este nível (~2-3k€), encontramos vários cronógrafos neo-vintage de qualidade. Para melhor avaliar a sua relação Q/P, comparemo-la com alguns concorrentes diretos.
Aqui está uma pequena tabela comparativa de modelos semelhantes (cronógrafos de estilo vintage, dois contadores, na faixa de 1.500–2.500 €):
| Marca e Modelo | Dimensões | Movimento (Tipo, mecanismo, RdM) | Estanqueidade | Preço público | (+) / (–) |
|---|---|---|---|---|---|
| Eska Heritage Beige [objeto do teste] | 38 × 13,9 mm (47 mm L2L) | LJP L113 Manual, roda de colunas, 60 h | 5 ATM (50 m) | ~ 2.450 € | (+) Calibre LJP nobre, acabamentos de mostrador de alta gama, diâmetro contido * (–) Estanqueidade limitada, marca pouco conhecida |
| Hamilton Intra-Matic Chrono H “Panda” 2021 | 40 × 14,3 mm (49 mm L2L) | H-51 (base Valjoux) Manual, came, 60 h | 10 ATM (100 m) | ~ 2.100 € | (+) Marca histórica, 10 ATM, visual panda icónico * (–) Mais espesso e maior, mecanismo de came |
| Baltic Tricompax Panda ou Reverse | 39,5 × 13,5 mm (47 mm L2L) | Sellita SW510-M Manual, came, 63 h | 5 ATM (50 m) | ~ 1.650 € | (+) RQP imbatível, design bem conseguido * (–) Movimento padrão, vidro de hesalite, produção limitada |
| Hanhart 417 ES 1954 (39 mm) reedição Flyback | 39 × 13,3 mm (46,5 mm L2L) | Sellita SW510-M* Manual, roda de colunas (flyback), 58 h | 10 ATM (100 m) | ~ 2.300 € | (+) Legado militar real, função flyback, 10 ATM * (–) Estilo mais ferramenta (rotatividade contínua), botões não simétricos (em 42 mm) |
| Montre Heritage Chronograph Sector – 324.442 | 39 × 10,5 mm (47,4 mm L2L) | LJP L113Manual, roda de colunas, 60 h | 5 ATM (50 m) | ~ 3000 € | (+) Mesmo fabricante de movimentos que a Eska (La Joux-Perret), calibre LC-450 com roda de colunas muito bem acabado, setor de dois tons hiper cuidado, proporções de 39 mm muito fáceis de usar, verdadeira legitimidade de renascimento da marca.* (–) Preço sensivelmente mais elevado que a SK25 para especificações muito próximas, apenas 5 ATM, distribuição ainda confidencial, portanto revenda potencialmente mais lenta. |
Leitura da tabela: vemos que a Eska se posiciona frente a concorrentes sérios. O seu preço é mais elevado que o da Baltic ou da Hamilton, mas oferece em troca um calibre tecnicamente superior (LJP vs Sellita/Valjoux) e acabamentos de revestimento mais luxuosos. Em comparação com a Hamilton, perde em estanqueidade (5 ATM vs 10 ATM) mas ganha um movimento de coluna mais nobre. Face à Baltic, é mais cara (Eska = pequena série mais qualitativa, Baltic = produção mais industrial). Quanto à Studio Underd0g, é o outsider divertido: embora proponha uma roda de colunas por um preço baixo, fá-lo com um movimento chinês Sea-Gull com um serviço pós-venda incerto e uma imagem menos premium.
Mini veredito RQP: a relação qualidade/preço da SK25 é boa, até excelente para um conhecedor. Se a julgarmos apenas pelo peso e diâmetro, poderemos encontrar “mais barato noutro lado”. Mas seria ignorar a essência deste relógio. Por ~2,5k€, a Eska propõe um verdadeiro calibre de alta gama suíço onde a maioria dos concorrentes diretos utiliza Sellita ou Seagull (muito corretos, mas mais comuns). Da mesma forma, a atenção aos detalhes (mostrador de esmalte duplo, cornijas polidas, etc.) coloca-a um nível acima de peças com o mesmo preço. Aqui, paga-se a substância relojoeira e a qualidade de execução, não o marketing ou um logótipo omnipresente. Para um amador informado, é uma RQP de “conhecedor”, um bom investimento de prazer.
A neo-vintage proposta pela Lebois dispõe de uma qualidade comparável, mas com uma relação qualidade-preço bem menos agressiva que a Eska.
Análise de mercado: cronógrafo neo-vintage, pequeno nicho em pleno crescimento
Para além do caso da SK25, vejamos a tendência geral. Por que existe este relógio? Que paisagem relojoeira vem enriquecer?
Nos últimos anos, observa-se um regresso massivo dos relógios “neo-vintage”. O cronógrafo não é exceção: acabaram-se os tijolos de 45 mm e os mostradores sobrecarregados, o público regressa a coisas mais comedidas. Diâmetro em torno de 38-40 mm, design inspirado nos anos 50-60, cores retro (bege, lacado preto)… Os ingredientes nostálgicos estão em alta.
Neste contexto, a Eska Heritage Bege posiciona-se como uma alternativa erudita e confidencial face às referências de grande público. Em vez de comprar um Hamilton ou um Longines visto em todo o lado, pode-se optar pela Eska e ter algo que (quase) mais ninguém tem. Neste sentido, a SK25 é um relógio de “iniciado”. Dirige-se a quem conhece a história (ou leu este artigo!) e que gosta da ideia de um renascimento autêntico.
Em comparação com as micro-marcas de entrada de gama (Underd0g, Baltic…) que também fazem neo-vintage, a Eska joga uma carta mais qualitativa: um movimento de gama superior, uma fabricação mais apurada e um legado real para contar. Estamos num posicionamento premium independente. Por outro lado, em comparação com as grandes casas estabelecidas, a Eska oferece a frescura da novidade e a exclusividade (apenas 250 peças produzidas por ano, montadas em Besançon). É fora dos caminhos batidos, sem sacrificar a qualidade ou a seriedade relojoeira.
Em suma, o papel da Eska neste mercado é propor uma “pepita” para amadores exigentes. Onde algumas marcas ressuscitadas fazem apenas pastiche vintage para surfar na tendência, a Eska procura o equilíbrio: respeito pelo design original + contribuição de componentes modernos de alto nível. Não se trata apenas de vender o sonho de um arquivo, mas de entregar um produto que se aguenta mecanicamente. Esta abordagem, apostamos, pode fazer escola se for bem-sucedida.
Noções relojoeiras explicadas (Eska SK25 Heritage Bege)
Vamos dedicar um momento a explicar alguns termos e conceitos relojoeiros mencionados, em ligação direta com esta Eska. A ideia é clarificar, com analogias simples, o que isso muda no dia-a-dia.
- Calibre manual vs automático: Um calibre automático dá corda a si mesmo graças a uma massa oscilante (rotor) que gira com os movimentos do pulso. Um calibre manual não tem rotor: é preciso dar-lhe corda à mão, rodando a coroa. Analogia: o automático é como um carro híbrido que recarrega a bateria enquanto anda, o manual é como um carro elétrico que precisa de ser ligado à corrente regularmente. Na nossa Eska: a escolha do manual puro (LJP L113) visa o prazer dos puristas: é preciso dar-lhe corda todos os dias ou de dois em dois dias, o que cria uma interação. Em contrapartida, o movimento é visível sem um rotor a tapar a vista, e o relógio pode ser um pouco mais fino.
- Cronógrafo com roda de colunas: é o cérebro do mecanismo do cronógrafo. Existem dois sistemas principais para gerir as funções de start/stop/reset: a came e a roda de colunas. A came é mais simples e económica de fabricar, a roda de colunas é mais complexa, mais precisa, mas custa mais caro. Analogia: a came é uma caixa de velocidades automática (eficiente mas um pouco rude), a roda de colunas é uma caixa de velocidades manual de um carro desportivo (mais controlada, mais gratificante). Na Eska: o L113 utiliza uma roda de colunas, daí a sensação suave ao pressionar os botões: sem “estalidos” bruscos, sem falhas – tudo se engata ao milímetro. É o que distingue um cronógrafo de alta gama.
- Frequência (“4 Hz”): a frequência de um movimento corresponde ao número de oscilações do balanço por hora. 4 Hz = 28.800 alternâncias/hora = 8 batimentos por segundo do ponteiro dos segundos. Analogia: é como a taxa de fotogramas de um vídeo. 8 fotogramas por segundo (8 Hz) é mais fluido que 6 fotogramas/s (3 Hz). Na Eska: estamos a 4 Hz, portanto o ponteiro do cronógrafo move-se de forma muito fluida e, teoricamente, a precisão é melhor porque o movimento recupera mais rapidamente de pequenas perturbações (choque, etc.). A maioria dos relógios vintage funcionava a 3 Hz (21.600 A/h), a Eska está na cadência moderna de 4 Hz.
- Reserva de marcha (60 h): é a autonomia do relógio depois de lhe ter sido dada toda a corda. Aqui, cerca de 60-65 horas. Analogia: é a capacidade do depósito de um carro. 60 h é como um grande depósito que permite percorrer mais estrada sem reabastecer do que um depósito padrão de 40 h. Na Eska: isto significa que pode tirar o relógio na sexta-feira à noite, deixá-lo todo o fim de semana, e na segunda-feira de manhã ainda está a funcionar. É muito confortável, não é preciso dar-lhe corda com demasiada frequência (embora, confessemos, tenhamos vontade de o fazer, de tão agradável que é!).
- Rubis (24 rubis): em relojoaria, os rubis são pequenas pedras sintéticas (geralmente rosa/vermelhas) inseridas nos pontos de pivô dos eixos no movimento. Servem de rolamentos anti-fricção. Analogia: imagine micro-rolamentos de esferas de rubi que se interpõem entre o eixo e o seu suporte. O rubi tem a vantagem de ser muito duro e liso, pelo que metal contra rubi tem muito pouco atrito, enquanto metal contra metal se desgasta rapidamente. Na Eska: 24 rubis é padrão para um cronógrafo deste tipo (os Valjoux têm 17 ou 25, dependendo da versão). A presença de rubis é um sinal de durabilidade e qualidade (cada rubi reduz o desgaste, portanto, quanto mais houver em locais estratégicos, melhor).
No verso de um Amphibian 600 vintage, descobre-se um calibre automático suíço (aqui com rotor gravado “S. Kocher & Co” e menção de 17 rubis) – um contraste com o calibre manual escolhido para a SK25 – Crédito: Matthew Bain Inc.
- Estanqueidade (5 ATM): como explicado anteriormente, 5 ATM = resistente a uma pressão estática de 50 m de água. Analogia: é um pouco como a norma IPX em eletrónica. 50 m não significa que pode mergulhar a 50 m! É uma medida de laboratório, sem movimentos. Na Eska: 5 ATM significa uso diário ok (chuva, lavar a louça, mãos), mas evite o duche (o calor e o sabão desgastam as juntas) e proíba a natação ou mergulhos – a dinâmica da água pode superar esta pressão.
Conselhos de estilo: um relógio surpreendentemente versátil
Como terá percebido ao ler este teste: a Eska Heritage SK25 Bege não é um relógio ostentatório. E é precisamente isso que a torna notavelmente versátil em termos de estilo.
Com os seus 38 mm de diâmetro e o seu mostrador bege com toques Old Radium, inscreve-se num registo vintage discreto que funciona tanto com um traje formal como com um conjunto mais descontraído. Pude verificá-lo através de várias configurações de vestuário — e devo confessar que este relógio me surpreendeu pela sua capacidade de adaptação.
O registo formal: do smoking ao fato de cidade
É talvez aqui que a SK25 mais se distingue das suas concorrentes. Onde um cronógrafo desportivo de 42 mm pareceria incongruente sob o punho de uma camisa elegante, as proporções contidas da Eska permitem-lhe deslizar sem esforço para um traje de cerimónia.

Usado com um smoking de lapela de seda e um laço preto, acrescenta um toque de personalidade sem nunca cair na vulgaridade. A bracelete de aço “grão de arroz” reforça este lado elegante: os seus elos arredondados e polidos captam subtilmente a luz, à imagem dos relógios de cidade dos anos 50.

No final da noite, com o laço desfeito e o colarinho aberto, o relógio mantém toda a sua pertinência. Acompanha este momento de descontração elegante com naturalidade.
O estilo Ivy League: o seu terreno de jogo natural
Se tivesse de recomendar um registo de vestuário para esta SK25, seria sem hesitar o estilo preppy americano.

O cardigã com gola de xale em lã azul-marinho, a camisa de riscas bengala, a gravata clube com riscas oblíquas e as calças de veludo cotelê tabaco: eis uma combinação que sublima verdadeiramente o mostrador champanhe e os índices dourados da Eska. Encontramos esta coerência cromática entre os tons quentes do mostrador e os materiais outonais do traje.

Com uma camisola de malha canelada usada sobre uma camisa e uma gravata clube, o relógio também se integra maravilhosamente. A bracelete de aço acrescenta uma nota de preciosidade discreta no meio das texturas brutas da malha.
O casual elegante: esplanadas e tardes de verão
A tonalidade bege “casca de ovo” do mostrador ganha todo o seu sentido quando usada com peças de verão. Um casaco não forrado em linho ou algodão em tons poeirentos — rosa pálido, areia, cru — cria um diálogo harmonioso com o relógio.

Numa esplanada parisiense, com um copo na mão, a SK25 acompanha perfeitamente este momento de descontração sofisticada. Não exagera, mas a sua presença é notada. É exatamente o que se espera de um relógio neste contexto: estar lá sem se impor.

O registo workwear: uma surpresa bem-vinda
Não esperava necessariamente que este relógio funcionasse com trajes mais utilitários. E, no entanto.

Usado sobre uma sobrecamisa de lona de algodão cor de ferrugem, com uma camisola cru por baixo e as mangas arregaçadas, a Eska encontra um lugar surpreendentemente justo. O mostrador patinado ecoa os materiais brutos e os tons terrosos do conjunto. Estamos longe do cronógrafo de piloto ou do relógio de mergulho maciço, mas esta discrição vintage combina, afinal, muito bem com o espírito artesanal do workwear.

Mesma constatação com um casaco sherpa laranja vivo e um casaco de ganga por baixo: o relógio não destoa. Pelo contrário, acrescenta um toque de refinamento inesperado a um visual outdoor.
O clássico britânico: tweed e oxford
Com um casaco de tweed com padrão de espinha de peixe castanho e uma camisa oxford azul-claro, entramos no território do gentleman farmer inglês. A SK25 sente-se perfeitamente à vontade aqui.

A bracelete de aço contrasta agradavelmente com as texturas rústicas do tweed, enquanto o mostrador bege dialoga com os tons outonais da lã. Jornal debaixo do braço, numa rua londrina sob a chuva: eis uma encenação que ilustra perfeitamente a versatilidade desta peça.
Em resumo, a Eska Heritage SK25 Bege revela-se um relógio camaleão. As suas dimensões contidas, o seu mostrador sóbrio com toques vintage e a sua bracelete grão de arroz permitem-lhe navegar sem esforço do smoking ao workwear, passando pelo preppy e pelo casual de verão.
É, aliás, bastante raro que um cronógrafo possa pretender tal versatilidade. E este é provavelmente um dos argumentos mais convincentes a favor deste relógio: nunca o prenderá a um único registo de vestuário.
Conclusão: vale a pena ceder à Eska SK25 Heritage Bege?
Após este teste, voltemos à questão inicial: a SK25 Heritage Bege traz um verdadeiro valor acrescentado, e o seu preço justifica-se? A nossa resposta é sim, desde que se corresponda ao público-alvo.
Este relógio não é apenas um belo exercício de estilo nostálgico. É a proposta de que, em 2025, se pode adquirir uma parte da história autêntica, uma execução de alta gama (caixa, mostrador) e um calibre de purista (LJP manual com coluna) por menos de 2.500 €. Num mercado saturado de “falso vintage” e de reedições mais ou menos oportunistas, a Eska acerta em cheio ao entregar um produto sincero e bem pensado.
Valor acrescentado: claramente, a SK25 oferece-o. Em comparação com os concorrentes, destaca-se pelo seu calibre de exceção (ninguém mais usa LJP a este preço) e pelo grau de acabamento do seu mostrador. Este duo motor-revestimento faz com que ela lute quase na categoria superior. Obtém-se o que se paga: sem compromissos escondidos, sem grande orçamento de marketing para financiar, apenas bela relojoaria de nicho.
Relação qualidade/preço: como vimos, é muito boa se valorizarmos as coisas certas (mecânica, execução). Sim, a SK25 custa mais que um Hamilton Chrono H ou um Baltic, mas a diferença justifica-se pelo conteúdo (e pela produção mais artesanal). Paga-se sobretudo a substância relojoeira, não um logótipo ou um hype. Para o amador de relojoaria, o cálculo é límpido.
A quem aconselhar? Veredito de compra:
- Comprar sem hesitar: se for um amador esclarecido que aprecia a diferença. Sabe distinguir entre um cronógrafo de came e de coluna, isso conta para si. Gosta da ideia de “dar corda ao seu relógio” todas as manhãs e de “viver com ele”. Acha os 38 mm ideais. Para si, a SK25 Heritage Bege é um dos cronógrafos neo-vintage mais cativantes e bem-sucedidos do mercado atual nesta faixa de preço. Avance, é uma paixão racional.
- Colocar na lista de observação: se o projeto Eska lhe agrada mas hesita na cor (bege? preto?) ou no orçamento. Siga a marca, leia outras opiniões, eventualmente espere por uma oportunidade ou pelas próximas séries. A Eska provou com esta Heritage que sabe fazer as coisas bem – a marca certamente continuará neste caminho (talvez outros mostradores, outros modelos). Não há urgência absoluta se não estiver pronto, mas é claramente uma marca a ter debaixo de olho.
- Passar à frente: se precisa de um único relógio para tudo, ou se não se sente à vontade com a ideia de uma marca confidencial. Por exemplo, se quer absolutamente nadar com o seu cronógrafo, ou se dá importância ao reconhecimento social da marca, a SK25 não foi feita para isso. Da mesma forma, se a corda manual o repele, não vale a pena forçar – é melhor um cronógrafo automático mais prático.
Em conclusão, a Eska Heritage SK25 Bege é um verdadeiro sucesso para quem compreende a sua filosofia. É mais do que um relógio: é o renascimento tangível de uma história, colocado no seu pulso. E se isso lhe diz algo, então ela retribuir-lhe-á bem.
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